Nossa
Identidade

O Coletivo Carnavalesco Tá Pirando, Pirado, Pirou! é um bloco de carnaval formado por usuários, familiares e profissionais da rede pública de saúde mental da cidade do Rio de Janeiro. E, como o nome já diz, sua essência é coletiva e, por isso, agrega e tem espaço para todas as pessoas que curtem os festejos de Momo e que também levantam a bandeira da Luta Antimanicomial.

O Tá Pirando parte da dinâmica inovadora de integração das artes carnavalescas com a saúde mental para implementar ações de intervenção cultural, visando desconstruir representações estigmatizantes da loucura. O que nos move é a proposta de ajudar na criação de um novo imaginário social, no qual o louco é reconhecido como cidadão possuidor de direitos e como alguém capaz de criar e de contribuir para a construção de um mundo mais inclusivo, plural e amoroso.

Nossa história é tecida coletivamente, desde seu início em 2004. Em todas as atividades promovidas pelo Tá Pirando, Pirado, Pirou! ou que ele seja convidado, utilizamos a metodologia participativa. No bloco, os usuários passam a se ver como criadores de belos sambas, estandartes e fantasias que encantam o público nos desfiles na Avenida Pasteur; mas, igualmente, passam a circular mais pela cidade e a ocupar outros espaços que não somente os ligados à saúde mental ou a tratamento. Com isso, vão reforçando sua cidadania, por meio do fortalecimento do seu protagonismo artístico.

Por sermos ligados à rede de saúde mental do município do Rio de Janeiro, temos em nossa composição integrantes de diversas instituições e Centros de Atenção Psicossocial. O ritmo que nos anima é o da integração social. Entre os efeitos que conseguimos com essa união estão a produção dos desfiles, o fortalecimento da rede de saúde mental da cidade, assim como a ampliação da rede de apoio e de afetos com a construção de laços para além dos muros das instituições psiquiátricas.

 

Nossa
Causa

Grafismo

Valores

Autonomia

para as pessoas serem o que quiserem ser

Alegria

para que a vida possa ser mais

Harmonia

no bloco e nas relações entre as pessoas

Cidadania é um direito de todos! Parece uma frase simples, mas quando pensamos nos assuntos que envolvem a saúde mental, podemos perceber que ainda há muito trabalho a ser feito. Isto porque o preconceito e a estigmatização ainda estão presentes nas nossas práticas sociais e seguem funcionando como muros visíveis e invisíveis que mantém a exclusão dos usuários dos serviços de saúde mental e tudo o que os cerca.

Por isso a necessidade de continuar o fortalecimento da Luta Antimanicomial. Este movimento histórico, iniciado em 1987 – e celebrado anualmente no dia 18 de maio – foi fundamental para o processo de implementação da Reforma Psiquiátrica no país, que promoveu avanços como, por exemplo, o fim da internação compulsória, o fechamento gradual de leitos em hospitais psiquiátricos e a implantação de novas estruturas de tratamento interrompendo rotinas de torturas, maus-tratos e abandono. Mas vai além!

A essência dessa luta também repousa na proposta de transformar a sociedade na maneira como ela enxerga, trata e inclui os usuários dos serviços de saúde mental. Ressignificar a loucura, por meio de ações de intervenção cultural, é mudar o filtro com que o louco sempre foi visto. Dessa forma, abre-se espaço para que a sociedade consiga perceber a pessoa em sofrimento psíquico como alguém que não pode ser encerrado em um diagnóstico e como um sujeito de direitos e em sua potência criativa.

Com o lema Cuidar sim, excluir não!, a Luta Antimanicomial segue trabalhando pela consolidação da Reforma Psiquiátrica e nos ensinando que há diversas formas de ver e estar no mundo, sendo possível construirmos juntos uma sociedade mais afetuosa e plural.

Contudo, apesar das conquistas promovidas pela Luta Antimanicomial, não se pode descansar. É preciso defender a Reforma Psiquiátrica e o SUS dos ataques que vêm sofrendo. Em 2017, foi aprovada a reformulação da política de saúde mental do país, manobra que foi na contramão dos esforços da Luta Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica e reforçou o papel dos hospitais psiquiátricos, ao invés do necessário investimento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). Por falta de recursos, há Caps que estão ameaçados de fechamento. A luta continua e as bandeiras da Luta Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica devem permanecer hasteadas em todos os espaços como um ato político de resistência e luta, como fazemos nos desfiles do Tá Pirando: Nenhum passo atrás, nenhum serviço de saúde a menos, manicômio nunca mais!

Conheça mais:

Lei da Reforma Psiquiátrica 

20 anos da Reforma Psiquiátrica no Brasil: 18/5 – Dia Nacional da Luta Antimanicomial

III Conferência de Saúde Mental 

 

Outros conteúdos:

Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil

Duas décadas de Reforma Psiquiátrica no SUS

18/5 – Dia Nacional da Luta Antimanicomial

35 anos da luta antimanicomial e o avanço da contrarreforma psiquiátrica 

Você sabe o que é luta antimanicomial?